Provavelmente já ouviu falar de “tralha” desde pequena. Hoje em dia, fala-se em destralhar.
Destralhar é o ato de selecionar objetos para descartar, dar, doar, devolver ou vender. São objetos que já não têm utilidade nem interesse na sua vida.
Afinal, o que é tralha?
Muita gente associa “tralha” apenas a grandes quantidades de objetos. Mas tralha não é excesso de objetos — é aquilo que não tem utilidade ou não traz valor (nem económico, nem sentimental).
É tudo aquilo que:
• Entra em nossa casa sem intenção ou reflexão (brindes, ofertas, objetos antigos, miudezas)
• Não tem local fixo e vai ocupando espaço desnecessário
• Não tem mais propósito para nós (coisas que nos deram ou que compramos e usamos uma vez, por exemplo)
Mas atenção: objetos úteis mas utilizados pontualmente ou sazonalmente não são tralha — apenas precisam de ter um local específico e organizado.
Não se engane: tralha, desarrumação e acumulação são coisas diferentes. Um espaço desarrumado ou confuso não significa necessariamente que tenha tralha. Apenas que precisa de ser esvaziado e ordenado.

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Um espaço com tralha tem objetos diversos, que podem causar confusão a quem olha, vive e trabalha nesse ambiente. Muitas vezes, estes objetos vão-se acumulando, e o excesso torna-se evidente.
É fácil destralhar?
Para mim, é. Sempre fui naturalmente organizada e desapegada aos objetos. Mas o processo foi-se refinando ao longo dos anos. E sei o quão difícil pode ser para si. Acredite, essa dificuldade é-me familiar.
O meu objetivo com este artigo é ajudá-la a simplificar, principalmente se tem tendência a acumular coisas e a adiar estas tarefas — seja porque ninguém a ajuda, porque está cansada ou porque sente que é uma missão interminável.
Essa indisponibilidade mental é normal. Tal como acontece noutras tarefas que temos de fazer mas que não nos apaixonam.
Antes de partilhar a minha estratégia, quero que entenda por que razão deve destralhar.

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Porque deve destralhar?
• Para reduzir o caos à sua volta (e, assim, o caos mental)
• Porque menos é mais: menos objetos, menos stress
• Para libertar espaço e ganhar sensação de paz e ordem
• Para evitar acumulação, facilitar a limpeza e a organização
• Para saber tudo o que tem e onde está
• Para simplificar o seu dia a dia
Se vivermos no caos, não teremos paz interior. E o caos, se não for travado, só irá aumentar.

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Antes de começar a destralhar
• Defina uma frequência para cada área da casa: mensal, trimestral, semestral ou anual.
• Marque na agenda — é um compromisso como outro qualquer.
• Escolha áreas prioritárias, ou seja, as mais usadas e que tendem a acumular mais desorganização.
• Nunca deixe acumular mais do que 3 a 6 meses (1 ano para quem já é naturalmente organizada).

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Os meus 5 passos para um destralhe eficiente
É desta forma que eu faço o destralhe desde sempre — e funciona para mim. Espero que funcione consigo!
1. Reúna sacos ou caixas e identifique-os (lixo, doação, venda, ou como lhe fizer mais sentido).
2. Olhe para cada objeto, um a um — comece pelos mais fáceis.
3. Faça estas perguntas fundamentais:
◦ Para que serve?
◦ Uso?
◦ Gosto?
◦ Quero guardar?
4. Separe os objetos por SIM, NÃO e TALVEZ:
◦ SIM: Guarde.
◦ NÃO: Deite fora, doe ou venda.
◦ TALVEZ: Armazene numa caixa por 1 ano. Se não der pela falta dele nesse período, descarte-o sem hesitação. Nesta fase, deve ser racional e objetiva. Para as mais indecisas, não procrastine, peça uma ajuda positiva.
5. Os objetos que for guardar devem ficar visíveis, acessíveis, ordenados, num local identificado (gaveta, prateleira ou organizador) e reserve um espaço de manobra. Estas são as 5 regras de ouro que expliquei no artigo Organizar a Casa: Por Onde Começar?.
Finalmente, se vir que vai ser necessário, peça ajuda a uma organizadora profissional — é para isso que existimos.

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Como lidar com os famosos dilemas de descarte?
É habitual ouvir algumas frases clássicas que dificultam o destralhe. Reconhece alguma?
• “Pode dar jeito…”
• “Um dia posso precisar…”
• “Foi da minha avó…”
• “Foi caro!”
• “É tão bonito!”
O valor sentimental é legítimo, sem dúvida. Mas os objetos devem ser usados e vividos — não somente guardados como relíquias.
Na minha experiência, mesmo vinda de uma família tradicional, aprendi a usar as louças, toalhas e mobílias herdadas no dia a dia. Existem para criar memórias, não para ficarem escondidas a ganhar traças ou mofo.
Não confunda destralhe com desapego. Ambos se relacionam e devem ser trabalhados. O ato de deixar ir é melhor do que possa imaginar. Porque os objetos vão mas as memórias afetivas permanecem.
Uma curiosidade sobre a palavra “destralhar”
No segundo encontro da APEOP, em outubro de 2024, fiquei a saber que a palavra “destralhar” foi criada e registada como marca verbal em Portugal pela Paula Margarido, arquiteta especialista em Feng Shui, em 2016.
Ouvi-la falar sobre as casas do futuro nesse encontro de organizadoras profissionais, em Lisboa, foi delicioso: transmitiu uma serenidade incrível e uma visão muito prática sobre como serão — mais pequenas, mais funcionais e minimalistas.
Concordo plenamente!

Foto de Eliana Sousa Cruz
Desde a pandemia, a organização da casa tornou-se um tema central. Os apartamentos cada vez são menores, e a capacidade de adaptação será, consequentemente, mais necessária.
Por isso, destralhar deve ser um hábito — não um evento esporádico e penoso. Vamos implementá-lo?
Muito mais importante do que destralhar…
…é adotar uma nova consciência sobre as suas compras e sobre o que deixa entrar na sua casa:
• Onde está a tralha?
• Como é que ela entrou?
• Porque é que se acumulou?
Muitas vezes, estas questões têm origem cultural, educacional ou num certo estilo de vida.
Mas com consciência e intenção, tudo pode mudar. Acredito profundamente nisso.
Uma partilha pessoal
Já vivi em apartamentos bem pequenos e, atualmente, vivo numa casa grande. Quando me mudei para o campo, em Braga, para uma casa rural antiga de família, encontrei muita tralha e muitas memórias para gerir.
Após três anos de processo contínuo de destralhe, libertei tantos espaços que os vizinhos chegaram a perguntar se eu estava a “esvaziar a casa”!
Hoje, adoro ver espaços amplos e respiro melhor numa tendência mais minimalista.
Falo sobre destralhe no meu curso online “Casa Organizada para Sempre” e no meu workshop online “Organização da Casa para Iniciantes”.
Em conversa com conhecidas e amigas, várias já me disseram que os filhos não querem os objetos que elas têm guardados em casa.
É uma realidade: mais cedo ou mais tarde, terão de se desfazer dessas coisas.
Que o façam em vida — é melhor para todos. E felizmente, hoje, somos muitas profissionais de organização disponíveis para ajudar.
Junte-se à minha comunidade “Desperte a Ordem”
Criei esta comunidade inspirada no meu e-book Desperte a Ordem – 150 Mantras de Organização para Iniciantes.
Este trabalho nasceu de uma profunda jornada de auto-reflexão durante e após o burnout em 2022/2023.
São pensamentos que me ajudaram a desenvolver consciência sobre como uma mente ordenada tem impacto num ambiente ordenado — e, consequentemente, gera uma vida mais simples e agradável.
O e-book e a comunidade convidam ao exercício da organização de dentro para fora: primeiro a paz interior, depois a organização exterior.
Organizar é consciência, intenção e motivação. Só assim se alcança uma organização real.
Descubra o meu e-book e a comunidade Desperte a Ordem aqui.
Deixe-me orientá-la com mais conhecimento e prática:
- Agende uma sessão de consultoria online para avaliarmos a sua situação e sugerir-lhe soluções práticas
Saiba mais sobre destralhe nos meus vídeos:
- Destralhe Sem Medo nem Stress: Apenas Comece
- O Que é o Destralhe? Comece Hoje a Simplificar a Sua Vida
Um abraço,
Eliana Sousa Cruz
ESC Organizer